quinta-feira, 4 de agosto de 2016

95 dias de Greve na UEMG

Hoje completam-se 95 dias de greve nas universidades estaduais de Minas. O ensino superior em nosso estado nunca foi prioridade para nenhum governo e não está sendo diferente no governo de Fernando Pimentel. Todavia, o debate sobre a educação superior passa necessariamente por uma mudança no modelo de desenvolvimento baseado em uma economia de commodities e em uma politica deliberada de isenções fiscais para grandes empresas. A crise econômica do estado, assim como em nível nacional, não é apenas conjuntural mas estrutural.

Na UEMG, apenas as Unidades Ibirité e Frutal entraram bravamente nesta greve, junto com os companheiros da UNIMONTES. As demais unidades ainda sofrem com os efeitos perversos da Lei 100 e das estadualizações não planejadas realizadas no fim do governo Anastasia, além de um concurso que se arrasta desde 2014. As perdas salariais decorrentes da inflação desde 2012 já somam 42% e o contingente de professores efetivos na UEMG não passa dos irrisórios 8%. Acreditem, a UEMG possui apenas 125 professores em seu quadro efetivo (quase metade destes estão nas Unidades de Ibirité e Frutal). Todo o restante do quadro docente é composto por designados, cujos contratos vigoram apenas de fevereiro a dezembro. Em janeiro a UEMG "não existe".

Para tornar o quadro ainda mais dramático, o Estado decidiu judicializar a greve, questionando sua legalidade. Por detrás do manto da LRF, o governo se nega a atender qualquer demanda dos docentes, mantendo o histórico sucateamento do ensino superior mineiro. Diante deste cenário, a assembleia docente realizada ontem em Frutal decidiu pela saída da greve. Em Ibirité, a assembleia dos docentes realizada hoje votou pela manutenção da greve, seguindo nessa luta com os companheiros de Montes Claros.

Os professores, estudantes e técnicos-administrativos de Frutal e Ibirité, em quase 100 dias de greve, tem demonstrado a importância e a urgência da luta por uma universidade democrática, pública e socialmente referenciada. A UEMG foi historicamente construída por remendos e por interesses dos coronéis de plantão. Pois bem, na UEMG não há mais espaço para o autoritarismo e desmandos. E para este governo que optou por seguir a cartilha neoliberal, dizemos: a luta apenas começou.


Nenhum comentário:

Postar um comentário